quinta-feira, 16 de abril de 2015

O vigilantismo fora de controle


fonte: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/

Em vários países ao redor do mundo, o descontentamento da população com o sistema judiciário acaba gerando uma forte onda de descrença nas autoridades destes países. Muitas pessoas, em sua maioria jovens, acabam deixando de confiar na polícia e nos órgãos jurídicos para combater a crescente criminalidade. Uma sensação de impunidade acaba surgindo e um desejo de "fazer a justiça com as próprias mãos" acaba se despertando.


Estas pessoas encontram na internet um reduto para compartilhar este descontentamento e para a trocar informações. Nestes ambientes, elas percebem que não estão sozinhas e assim começa a surgir um desejo em conjunto de fazer aquilo que acham necessário, sob o pretexto de que a sistema judiciário é "falho".

Isso leva ao surgimento dos movimentos que ficaram conhecidos como "Vigilantismo na Internet".
Em grande parte dos casos, estes movimentos são formados por pessoas que agem de forma bem intencionada. No mundo inteiro, podemos ver movimentos deste tipo que servem para denunciar crimes e assim, auxiliar o trabalho da polícia local. Um caso interessante é o de um grupo de vigilantes britânicos que flagrou e denunciou um homem que estava realizando atos pedófilos. Você pode ler mais sobre este caso no portal diário de pernambuco [1].

Porém, enquanto existem pessoas bem intencionadas que usam o vigilantismo para auxiliar as autoridades, outras pessoas utilizam as redes sociais para mascarar sua intolerância e o seu preconceito. Estes "justiceiros" se organizam pelas redes sociais fazer justiça com as suas próprias mãos. Através de plataformas como o facebook, eles se reúnem em grupos e saem pelas ruas fazendo patrulhas. O resultados destes movimentos são na maioria das vezes atos de violência e selvageria. Na tentativa de "cumprir a lei", estes justiceiros acabam violando a lei mais ainda, agredindo e humilhando os suspeitos e se tornando um problema ainda maior para a polícia.

Estes justiceiros acabam se tornando tanto criminosos quanto aqueles que eles julgam estar punindo. Eles não só violam os direitos dos indivíduos, como em muitos casos acabam punindo pessoas inocentes. Isso ocorre pois estas pessoas são apenas uma forma de descontar o ódio e a intolerância, sem de fato existirem provas concretas contra elas.

Um caso muito famoso ocorrido no Brasil foi o do menino negro de 15 anos que foi espancado por um grupo de justiceiros e encontrado amarrado nu em um poste na zona sul do Rio. Mais sobre este caso pode ser lido no portal G1 da globo [2].

Enquanto muitos acreditam que os justiceiros são uma minoria e seus ideais não representam uma parcela significa da sociedade, podemos encontrar muitas pessoas que publicamente defendem as atitudes destes justiceiros. Um grande exemplo disso é a jornalista Rachel Sheherazade, que já manifestou apoio à atitude destas pessoas. [3]

O Vigilantismo na Internet não se resume aos atos nas ruas. Muitas pessoas têm o hábito de compartilhar informações pelas redes sociais, sem verificar a origem e a veracidade dessa informação. Elas leem reportagens acompanhadas por frases e imagens sensacionalistas, que alimenta a intolerância e faz com que ajam emocionalmente.

A facilidade com que uma informação é transmitida nas redes sociais acaba se tornando um fator extremante perigoso nestes casos, pois não existe um controle dessas informações e grande parte dos usuários não dão atenção para a fonte da informação. Assim, uma acusação sem qualquer validade acaba se tornando uma verdade nos olhos das pessoas que acessam as redes sociais e dessa forma, acaba alimentando o desejo das pessoas em fazer algo a respeito. [4]

É de extrema importância que os usuários das redes sociais tenham mais cuidado com a veracidade da informação que eles compartilham, para evitar que inocentes sejam punidos indevidamente. Mesmo quando a informação for verdadeira, cabe à polícia e aos outros órgãos do sistema judicial a cuidarem da situação. Somente o Estado tem o poder de prender, julgar e condenar alguém por um crime, sempre respeitando o direito de defesa do acusado.

E você? Você confirma veracidade de tudo que compartilha nas redes sociais? Já aconteceu de ter compartilhado alguma coisa no twitter ou facebook, só para descobrir posteriormente que aquilo era mentira?

O que você acha das atitudes dos justiceiros?

Deixe sua opinião e suas experiências nos comentários.


fontes:
[1] http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/mundo/2015/02/02/interna_mundo,558375/pedofilo-britanico-e-preso-apos-ser-flagrado-por-grupo-vigilante-na-internet.shtml

[2] http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/menor-preso-poste-diz-policia-que-foi-agredido-por-15-homens-no-rio.html.

[3] http://www.opolemico.com.br/Polemicas/sociedade/27-rachel-sheherazade-defende-o-grupo-de-justiceiros.

[4] http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-02-14/inocente-preso-por-engano-ha-um-ano-deixa-a-cadeia.html

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/detido-apos-agressao-menor-no-rio-diz-que-patrulha-e-convocada-web.html



Um comentário:

  1. As pessoas tentando fazer o papel do Estado, reflete a realidade da situação em que vivemos, pessoas sem conhecimento de seus atos e o estado nao cumprindo seu papel. Assim, essas atitudes extremas mostram o quão despreparada está a nossa sociedade, atos desse modo conseguem ser visto como certos e como "normais", quando deveriam ser condenados. A punição para algo errado cabe a lei e não as pessoas executarem.

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