Inteligência Coletiva nas Redes Sociais



                                 "Ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa."  -Lévy, Pierre

A inteligência coletiva é um termo utilizado para definir a ideia de que a inteligência está distribuída por toda parte, entre diversas pessoas. Essa inteligência, conhecida como inteligência compartilhada, surge da colaboração de muitos indivíduos e suas diversidades. Dessa forma, é correto afirmar que a inteligência coletiva se beneficia da diversidade e da divergência de opiniões à respeito de um certo tema.

O termo inteligência coletiva foi criado pelo filósofo francês Pierre Lévy, em seu livro "A inteligência coletiva - Por uma antropologia do ciberespaço"[1]. Nessa obra, o autor explica que, na realidade, esse conceito é estudado e aplicado há muito tempo. Lévy aborda toda a história da inteligência coletiva e a relaciona com o ciberespaço, abrangendo diversas áreas sobre o tema.

A inteligência coletiva é um conceito extremamente poderoso, ainda mais se considerarmos a sociedade em que estamos inclusos e o seu desenvolvimento tecnológico. As redes sociais aprimoraram as comunicações e o compartilhamento de conhecimento, facilitando assim a formação da inteligência coletiva. Porém, devemos considerar que as inteligências individuais nem sempre se prolongam naturalmente numa inteligência coletiva. O fato de indivíduos estarem em grupo não significa que a haverá entre eles uma tal sinergia de ideias que resulte numa ação conjunta.

fonte: Wikipédia

Como tema principal deste blog, observamos que a intolerância surge da dificuldade de aceitar uma divergência de opiniões. Porém, diferentemente do que muitas pessoas acreditam, é possível existir uma divergência de ideais, sem que isto resulte em um comportamento intolerante entre as pessoas. Na verdade, estes casos podem contribuir na construção de  uma inteligência coletiva. Portanto, é possível dizer que a inteligência coletiva é o desenvolvimento do combate à intolerância. Em um mundo ideal, diferentes ideais se somam, não se anulam.

Neste ponto, o raciocínio de Lèvy (1999, p. 30) é adequado: "Na era do conhecimento, deixar de reconhecer o outro em sua inteligência é recusar-lhe sua verdadeira identidade social, é alimentar seu ressentimento e sua hostilidade, sua humilhação, a frustração de onde surge a violência".

Um dos princípios da inteligência coletiva diz que todo ser humano tem algum conhecimento, mas nenhum ser humano tem todo o conhecimento sobre tudo. É necessário compreender que cada indivíduo possuiu conhecimento em suas particularidades, ou seja, conhecimento não se trata ser inteligente de fato e sim possuir experiências vividas ao longo da vida e que podem ser partilhadas. [1]

De acordo com o próprio autor:"(...) não existe nenhum reservatório do conhecimento (...) ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa [e ]o saber não é nada além, do que o que as pessoas sabem. A inteligência coletiva não combate os poderes e os saberes, deserta-os, desenraizados. Não busca dominação alguma, mas mil germinações, que estimulam as potências da vida." (Lèvy, 1999, p. 202).



fonte: http://falapronta.blogspot.com.br/

Analisando os estudos de caso presentes neste blog, percebemos o poder destrutivo causado pela intolerância disseminada através das redes sociais. Porém, a mesmo catalizador de tantos conflitos, pode ser um reduto para o combate à intolerância. As redes sociais podem ser um ambiente em que a inteligência coletiva pode se desenvolver. Através da informação e da conscientização, podemos finalmente definir um limite para o comportamento das pessoas e assim, dizer quando um comportamento é intolerante e inaceitável. Por fim, esta inteligência coletiva pode combater a intolerância presente em nossa sociedade.

 Parafraseando Pierre Lévy: "o uso socialmente mais rico da informática comunicacional consiste, sem dúvida, em fornecer aos grupos humanos os meios de reunir suas forças mentais para constituir coletivos inteligentes e dar visa a uma democracia em tempo real." (p. 62).

Concluindo: "A apreensão da noção de inteligência coletiva, portanto, coloca-se como uma alternativa viável para repensarmos a categoria intolerância e suas dispersões, bem como ajudar a compreender que é necessário buscar a informação como um potencial qualitativo capaz de fornecer elementos para um questionamento que tanto contribua para respeitar o outro em suas diferenças e identidades como para estabelecer a recusa a comportamentos, atitudes e posicionamentos intoleráveis." [2]


Referências Bibliográficas: 
• [1] LÈVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço.Rio de janeiro: Loyola, 1999.

• [2] AQUINO, Miriam. A informação nas estratégias educativas de recusa à intolerância em contextos reais/virtuais

• LÈVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed 34, 1999.

• Wikipedia (Inteligência Coletiva e Pierre Lévy)

• Comunidade Sebrae (http://www.comunidade.sebrae.com.br/)

• Portal Universidade Federal do Sul da Bahia (http://www.ufsb.edu.br/PierreLevy)

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